Smart coisas: Quando o Android invadirá objetos da casa?

Já imaginou um futuro em que a sua casa estará totalmente conectada? O carro, mesa, fogão, geladeira e tudo mais contando com processador, sistema operacional Android e memória? Para essa ideia de transformar objetos comuns em “smart coisas”, já há um conceito específico no meio tecnológico chamado Internet das Coisas (Internet of Things, em inglês). Mas você está preparado para acessar o seu Facebook até mesmo pelo fogão?

A ideia da Internet das Coisas vai muito além do que presenciamos atualmente nos smartphones e tablets. No caso, o plano é otimizar os eletrodomésticos de acordo com a sua verdadeira essência de utilidade. Com um “smart fogão”, você conseguiria acessar dados sobre o desempenho do aparelho, níveis de temperatura seguros, entre outras informações. Um aplicativo de receitas cairia muito bem para esse exemplo. E se já contamos com uma tecnologia tão avançada, o que nos impede de chegar nesse “futuro ideal” das smart coisas?

Segundo o engenheiro de software da PSafe Dzmitry Prychyna, a grande questão está relacionada à recepção do mercado à toda essa inovação. Do ponto de vista técnico, para um objeto comum oferecer conectividade, é necessário apenas contar com todo o conjunto de hardware: processador, memória, sistema operacional e por aí vai. Assim, não existe nenhuma barreira tecnológica que impeça tornar inteligentes nossos eletrodomésticos e carros. Mas o problema é que para baratear os custos de produção desses produtos, eles precisam ser produzidos em massa e, sem demanda no mercado, não existe oferta das fabricantes.

“O mercado ainda não está preparado e convencido sobre a necessidade desse tipo de produto. A realidade das smart coisas está próxima de acontecer, mas a maioria das pessoas ainda não está disposta a comprar e conviver com esse novo conceito nos seus objetos do cotidiano”, afirma Prychyna.

Entretanto, ainda fica a pergunta: onde entra o Android nessa história toda? Sendo o sistema operacional mais utilizado no mundo – presente em cerca de 76% dos smartphones no final de 2014, ele poderia muito bem ser a “cara” desse futuro das smart coisas. A familiaridade dos usuários com a interface e sua natureza livre, que incentivaria o desenvolvimento independente, são pontos fortes para isso. Já pensando nessa possibilidade, a Google começou a pesquisar e deixar outros desenvolvedores explorarem o sistema em outros aparelhos. Atualmente, podemos listar os avanços em dois dispositivos comuns ao nosso dia-a-dia:

Android Auto

Na metade do ano passado, a companhia oficializou uma parceria com empresas do setor automobilístico e tecnológico. A “Open Automotive Alliance”, como foi chamada, busca aperfeiçoar a integração entre os carros e a tecnologia Android. Grandes fabricantes como Fiat, Ford, Honda, Hyundai, Kia, Chevrolet, Volkswagen e Renault estão envolvidas, além de outras 20 marcas. Juntas, os primeiros modelos do Android Auto foram criados, trazendo aplicativos como Google Maps e Spotify em versões simples e específicas para serem utilizadas em veículos.

Android TV

No ramo das smart TVs, o novo sistema operacional da Google, o Android TV, já vem ganhando espaço entre as novidades. Na Consumer Eletronics Show (CES 2015), a maior feira de eletrônicos do mundo, a Sony anunciou para o público a Sony TV XBR X900C, a televisão LCD com resolução 4K mais fina do mundo.

Equipada com o Android TV, os usuários podem controlar o aparelho através do seu celular, utilizar o Google Now (sistema de busca por voz do Android) para encontrar vídeos no YouTube e ter acesso a todos os jogos disponíveis na Google Play. Além da Sony, fabricantes como a TP Vision (pertencente à Phillips) e a Sharp também já estão desenvolvendo produtos com o Android TV.

Apesar de discreto, o avanço nessas duas áreas, aliado às recentes novidades nos equipamentos vestíveis, pode ser o começo de um cotidiano cada vez mais conectado. Aos poucos, a Internet das Coisas vai se tornando realidade e o Android vai mostrando que merece um lugar nela.