Porque o iPhone no Brasil é o mais caro do mundo?
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O iPhone 6 chegou ao Brasil em novembro de 2014 como o smartphone mais caro do mundo. Por aqui, o novo aparelho da Apple é vendido por R$ 3.199, enquanto o plus não sai a menos de R$ 3.599. Mas, o que faz nosso país ter o dispositivo com o maior preço? Muita gente vai dizer, de primeira, que os altos impostos são os culpados pelo valor. Também. Mas a carga tributária está longe de ser o principal vilão dessa história.
Um ponto importante a se destacar nessa alta de preços é a precária infraestrutura do Brasil. Como por aqui a maioria dos bens é transportada através de rodovias, os produtos se tornam muito mais caros do que em outros países. Além disso, a distribuição deles é desigual em diferentes regiões do país.
Para se ter uma ideia, enquanto nos Estados Unidos cada tonelada de soja custa R$ 35 para ser transportada, no Brasil a mesma quantidade custa R$ 160. O país norte-americano sai na frente por ter uma grande malha ferroviária que, apesar de ser muito mais cara para ser implantada, apresenta um grande retorno a longo prazo, o que implica em uma diminuição no preço de fretes.
Lei da oferta e procura é aplicada. Se tem consumidores para determinado valor, o preço não muda
Não é novidade o Brasil ter o iPhone mais caro do mundo. Isso já ocorreu, por exemplo, com o 5S, que chegou por aqui em novembro de 2013. O país é ainda o lugar onde a Apple vende iPads mini pelo maior preço.
A Apple informou que vende no país tanto aparelhos fabricados localmente quanto importados, como é o caso dos novos iPhones. Esses aparelhos, segundo a companhia, estão sujeitos a taxas alfandegárias inevitáveis. A Apple afirma se esforçar bastante para que os consumidores tenham acesso aos melhores preços e condições de compra.
A solução para os altos preços, acrescenta a empresa, são as parcerias com operadoras de telefonia, que comercializam os dispositivos por preços menores mediante a contratação de pacotes de dados.
Outra explicação para os altos valores dos iPhones ainda parece ser ignorado por muitas pessoas. Trata-se da margem de lucro dos canais de distribuição, como a própria Apple Store ou grandes magazines. Além de não condizer com as margens de outros países, o Brasil ainda parece ser o único país em que a lei da "oferta e procura" é seguida à risca.
Falta de investimento e o Custo Brasil
A falta de estrutura também não age sozinha no resultado final dos valores. Outros fatores estruturais também colaboram para encarecer produtos, resultando no já conhecido “Custo Brasil”. A falta de investimento em novos métodos de produção e em renovação tecnológica faz com que nosso país tenha que lidar com condições há muito tempo superadas por outras nações.
A falta de produção no Brasil também afeta diretamente os preços. Como somos muito especializados em fornecer matéria-prima e não o produto final, a população acaba sofrendo ao ter que adquirir os produtos importados, muitas vezes feitos com material daqui. Afinal, de nada adianta ter o ferro e o alumínio se é preciso mandá-los para a China para que lá eles se transformem em dispositivos como smartphones, que vêm para cá com diversas taxações agregadas em seu valor final.
O sacrifício dos brasileiros para ter um produto Apple
As lojas do Brasil dão ao cliente diversas opções de pagamentos de produtos, numa forma de aliviar os altos preços cobrados por aqui. Levando-se em conta a média de R$ 2.131,70 no rendimento mensal de setembro feita pelo IBGE com pessoas empregadas, seria necessário descontar dois meses de trabalho para comprar o smartphone.
No caso de uma pessoa que receba um salário mínimo por mês (R$ 724), são precisos seis meses de trabalho. Com isso, não é difícil se deparar com comentários criticando os altos valores do iPhone no Brasil.
Essas pessoas, principalmente, acabam apelando para crediários a perder de vista. Muitas lojas oferecem parcelamentos em até 12 vezes sem juros. Grande parte que faz essa divisão consegue efetuar o pagamento, mas o longo prazo também faz com que a inadimplência seja alta nesses casos.
Sim, os impostos também influenciam
Apesar de não ser mais o principal vilão, como dito antes, os impostos cobrados no Brasil ainda causam grande influência no valor dos produtos Apple. Entre os motivos para os preços altos está o fato de que nosso sistema tributário prioriza taxas que incidem sobre o consumo, e não aquelas que afetam a produção, já que as primeiras se mostram mais fáceis de coletar.
O ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), de ordem estadual, pode variar entre 16% e 25% dependendo do local do país que é avaliado. Além disso, itens que vêm do exterior sofrem com uma taxação de 60% sobre seu valor-base, o que contribui para inchar os valores cobrados por eles em território nacional.
As empresas que por aqui nascem ou desembarcam precisam lidar com 88 contribuições federais, estaduais e municipais, algo que, na prática, significa que elas têm que gastar aproximadamente um terço do ano lidando com impostos.