O mercado de Tecnologia da Informação cresce rapidamente em todo mundo. E para não perder espaço neste setor, o Brasil tem corrido atrás de parcerias visando projetos no presente e, principalmente, no futuro. Há parcerias firmadas com a França, a China e o Canadá, além de conversas de empresários brasileiros com norte-americanos, visando integrações a curto prazo.
O diretor da Cap Digital, mais importante cluster de TI da França, Carlos Cunha, disse ver com grande entusiasmo a possibilidade de cooperação entre empresas brasileiras e francesas nessa área. “Porque as empresas brasileiras têm uma competência muito boa e estão interessadas em parcerias com empresas francesas em uma lógica de win win [em que ambas as partes ganham”, afirmou Cunha.
Chama-se cluster uma concentração de empresas que têm características semelhantes e coabitam no mesmo local. Dessa forma, elas colaboram entre si e se tornam mais eficientes.
A França é o quinto maior mercado do mundo na área de TI. Carlos Cunha salientou que uma parceria entre as empresas de TI dos dois países poderá facilitar a entrada do Brasil no mercado europeu e vice-versa.
“Empresas de software brasileiras entendem que para entrar em certos mercados da Europa é necessária certificação. E parcerias com empresas francesas aceleram a possibilidade de integrar, em uma oferta global, soluções tecnológicas brasileiras naquele mercado”.
O diretor enfatizou que a meta é valorizar uma ação de cooperação tecnológica e inovadora em torno de um produto ou serviço digital. O cluster francês de TI está baseado em Paris e reúne 800 empresas. Na região, entretanto, existem identificadas quase duas mil empresas da área, principalmente startups, ou grandes empresas. “O nosso objetivo é fazer dessas empresas líderes nas suas áreas. Os nossos mercados são todos tradicionais. É a porcentagem do digital dentro do mercado tradicional”.
Por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, e sua equivalente na França, o BPI France, são oferecidos subsídios que a maioria das empresas desconhece. A obtenção de financiamento dessas instituições pode auxiliar na formação de cooperações bilaterais, “onde cada um saia mais forte e mais competitiva”, avaliou Cunha.
Ele acrescentou que essa ferramenta poderá, também, facilitar a entrada de empresas brasileiras na França e vice-versa. Com a ajuda da Softex, ele acredita que a Cap Digital poderá fazer um bom trabalho conjunto para a criação de uma dinâmica de cooperação entre as empresas. “E também nos beneficiar desses subsídios do governo federal (do Brasil). Pode ser algo bem interessante”.
Parceria com os chineses
Brasil e China também estão negociando parcerias na área. A Huawei assinou dois acordos de cooperação com órgãos governamentais brasileiros, voltados para o desenvolvimento em Tecnologia da Informação no país. A presidente Dilma Rousseff e o presidente chinês Xi Jinping estiveram presentes no acordo, que aconteceu em julho de 2014.
Uma das parcerias, firmada com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), tem foco em promover a computação em nuvem no país, além de aplicativos baseados nesta tecnologia para serviços eletrônicos.
O segundo acordo está relacionado a uma cooperação técnica e estratégica com o governo do estado do Rio Grande do Sul para Pesquisa e Desenvolvimento. A ação permitirá a criação de plataformas para gestão eficiente de cidades e serviços governamentais. A Procergs (Companhia de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul) e o Badesul (Banco de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul), entre outros, entraram como parceiros.
O objetivo é que as instituições estaduais e a companhia chinesa trabalhem em conjunto nos projetos digitais desenvolvidos pelo Governo: Programa Cidades Digitais, Programa de Computação em Nuvem e Comunicações Unificadas.
"Continuaremos investindo no Brasil como um parceiro confiável de tecnologia tanto para o Governo quanto para as empresas", garantiu na época Li Ke, Presidente da Huawei Região Sul da América do Sul.
Brasil e Canadá incentivam startups
Em um acordo anunciado em setembro de 2014, Brasil e Canadá criaram um programa de intercâmbio na área de TI, principalmente em parcerias com startups. A iniciativa foi apresentada durante o evento “Brasil-Canadá Tech Week: Promovendo Inovação e Comercialização”, realizado em São Paulo.
A proposta, que já conta com nove empreendimentos, funciona por meio de uma parceria entre a empresa de investimentos brasileira Project-1 e a Canadian Digital Media Network (CDMN), rede de centros de excelência em inovação.
Cinco companhias canadenses vieram ao Brasil para participar de um programa de aceleração da Project-1, que pode render, inclusive, investimentos entre US$ 100 mil e US$ 500 mil nos projetos apresentados.
Já as quatro companhias nacionais (GIC, ApData, Inmetrics e Psystem) embarcaram para o Canadá em outubro, onde ficarão por três meses gratuitamente e poderão fazer reuniões de negócios com diversas companhias.
Missão TI nos Estados Unidos
Em 2014, duas delegações da câmara de comércio Amcham estavam em missão comercial para atrair investimentos ao país e criar novas oportunidades para empresas brasileiras de TI. O grupo foi composto por empresas de grande e médio porte, e startups. Além da Algar Tech, participaram Stefanini, AutoDoc, 2gather, BVZ Digital, Conquest One, Incube e HTP Solution. Eles visitaram empesas, incubadoras e pesquisadores em São Francisco, Seattle e Washington.
“Estamos em um momento de internacionalização e a missão nos colocou frente a pessoas-chave, que vão fazer diferença nesse nosso desafio”, relata Francisco Blagevitch, superintendente de Marketing e Relações Institucionais da Algar Tech, uma das participantes da missão de TI. “Sem a missão, seria muito mais difícil. Ganhamos tempo”, afirma.
A delegação trouxe na bagagem oportunidades de negócios com grandes empresas norte-americanas do setor. Segundo Camila Moura, gerente de Comércio Exterior da Amcham, “a missão permitiu aos participantes estar em um ambiente de alta tecnologia e fazer network. A agenda abriu portas para futuras parcerias com empresas como Google e Microsoft”.
Já a missão “How To do Business and Invest in Brazil” apresentou o mercado e o ambiente de negócios brasileiro para investidores e empresários em Washington, Seattle e Los Angeles. Nessa última cidade, a participação dos executivos americanos surpreendeu a delegação.
“Eles estavam muito interessados na abertura e na condução de negócios por aqui. Perguntavam sobre impostos, trâmites legais, incentivos e vários outros aspectos relacionados ao tema”, informou Camila.
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