Baixo crescimento, conta no vermelho e ações em queda: eis alguns dos motivos que têm obrigado o Twitter a se reinventar e tentar responder a uma pergunta crucial para o seu futuro: como atrair (e engajar) mais usuários para uma rede que, apesar de oferecer um dos melhores ambientes sociais da web, ainda sofre com o fato de não alcançar números tão convincentes?
É verdade, as questões financeiras do microblog não interessam nada a você, usuário, mas, como são o que norteia boa parte da sobrevivência do negócio, elas também geram mudanças que causam reflexos sobre a sua experiência: a última — e talvez uma das mais polêmicas — relacionada a uma mera troca de símbolos.
Desde o último dia 3, quem favorita um tweet vê, no lugar da famosa estrelinha, um coração. Aliás, quem favorita, não, quem curte. E mais: além de tudo, estamos falando de um coração que… explode! (Dê o play aí embaixo para ver.)
A mudança, que tem origem no sucesso dos corações no Periscope, é simpática e bem intencionada, mas tem dado o que falar. Segundo o blog oficial do Twitter, a ideia era trocar um símbolo engessado, que de certa forma gerava alguma confusão, por algo que fosse mais direto, expressivo e falasse uma língua universal. De fato, o coração inspira uma relação mais próxima, mas será que a diferença é tão grande assim?
Há quem argumente que, na prática, ela resultou no efeito contrário, já que, em vez de algo universal, o coração pode ser interpretado como um limitador. “Será que eu quero ‘curtir com um coraçãozinho’ uma notícia sobre um deslizamento que matou centenas de pessoas?”, diz Abhimanyu Ghoshal num artigo para o The Next Web. Faz sentido.
Na esteira desse pensamento, muitas pessoas alegam que usavam os favoritos do Twitter como um recurso para guardar leituras para mais tarde ou simplesmente reunir conteúdo relevante sobre um determinado tema. Tudo isso, claro, sem necessariamente querer endossar a opinião do autor do post.
Usar o conceito de curtidas parece fazer com que as pessoas sintam que, ao marcar qualquer conteúdo com o símbolo de um coração, estão avaliando positivamente aquela opinião. Como isso nem sempre é verdade, quem faz cara feia para a mudança imposta pelo Twitter tem um fundo de razão.
Até o Facebook, uma rede em que não existem limitações de espaço e onde é possível filtrar o que se vê de acordo com as suas amizades e afinidades, entendeu que diminuir as possibilidades de engajamento é remar contra a maré. Não à toa, a rede anunciou testes com botões de reação com emojis animados que vão enriquecer a interação dos usuários.
Para alguns, a rendição do Twitter vem na hora e de forma erradas, pois está um passo atrás do seu maior concorrente. O argumento é o de que, se estamos limitados a um único tipo de reação, por que não optaram por manter algo neutro e mais abrangente? Se viesse acompanhado de uma opção para arquivar, pinar ou marcar os tweets para lê-los mais tarde, talvez o coração fosse melhor aceito pelo público mais crítico.
No fundo, no fundo a gente sabe: a lógica da coisa continua praticamente a mesma e logo todos estarão acostumados. Ainda é cedo para saber se a novidade vai salvar os números da rede do passarinho azul, mas uma coisa é certa: ela já movimentou o ninho.
E você, o que achou da mudança?
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